No episódio desta semana d’A Cerveja tem Syndicato falo sobre o valor do Branding Cervejeiro e sobre as marcas que têm vindo a desempenhar um excelente papel nesse âmbito.
Desde estratégia e posicionamento, aos rótulos, redes sociais, hype, colaborações e até a cultura de uma empresa, faço uma análise sobre o porquê de algumas marcas estarem presentes na nossa mente sempre que pensamos em cerveja artesanal… e outras nem tanto.
Afinal, o que é que estas cervejeiras estão a fazer tão bem? Mas antes de mergulharmos, um pouco de enquadramento.
O Que é o Branding?
Para entender o sucesso das cervejeiras artesanais em Portugal, é essencial começar pelo conceito de branding. O branding é a criação e gestão da identidade de uma marca, envolvendo todos os elementos que a definem, desde sua perceção no mercado até seu valor simbólico. No mundo das cervejas artesanais, o branding desempenha um papel crucial na diferenciação das marcas e na construção de uma base de clientes fiel.
Estratégia e Posicionamento
Uma estratégia bem definida e um posicionamento claro são fundamentais para o branding de uma cervejeira artesanal. O que a marca representa e qual é o seu objetivo? Como se diferencia da concorrência? Marcas como a Musa, a Dois Corvos e a Ophiussa têm estratégias distintas que atendem a diferentes segmentos de mercado, desde a inspiração musical da Musa até às cervejas mais extremas da Ophiussa. O posicionamento é a base sobre a qual a marca constrói sua identidade e, consequentemente, o seu sucesso.
Importância do Bom Design nas Etiquetas de Cerveja
O design das etiquetas de cerveja desempenha um papel significativo no branding. O rótulo de uma cerveja é muitas vezes o primeiro contato visual que um cliente tem com o produto. Marcas como a Dois Corvos e a Rima investiram em rótulos visualmente atraentes e consistentes, o que torna suas cervejas facilmente reconhecíveis nas prateleiras. O design cria uma impressão inicial que pode influenciar a decisão de compra do cliente.
Redes Sociais
As redes sociais desempenham um papel vital na construção do branding das cervejeiras artesanais. Marcas como BRLO e a Basqueland utilizam plataformas como o Instagram para se conectar com seu público, compartilhando conteúdo envolvente que combina produtos e pessoas. A comunicação consistente e divertida nas redes sociais ajuda a construir uma relação sólida com os clientes e a manter a marca na mente deles.
Experiências Físicas
Experiências físicas memoráveis são uma estratégia eficaz para cativar os clientes. Marcas como Letra e Barona criam experiências únicas, como o Harvest Fest ou o uso do porrón para servir cervejas em festivais. Essas experiências não apenas proporcionam momentos inesquecíveis, mas também fortalecem o relacionamento entre o cliente e a marca.
Colaborações
Colaborações como a que foi feita entre a Hopsin e a Oitava Colina, envolvendo o produtor local Casa do Preto (especialistas em queijadas de Sintra) demonstram como essas parcerias podem ativar novos locais de venda e fortalecer o mercado de especialidade.
Criar uma Comunidade
A construção de uma comunidade de clientes leais é um dos resultados mais valiosos do branding bem-sucedido. A Brussels Beer Project arrancou com o apoio de 50.000€ em crowdfunding, e junta hoje uma comunidade de mais de 5000 apoiadores angariados através das campanhas anuais. Igualmente, a Brewdog envolveu fãs e investidores através do Equity for Punks, que repetiram várias vezes e em várias geografias. Esses fãs não apenas acompanham as marcas desde o início, mas também as promovem ativamente, tornando-se verdadeiros embaixadores.
Cultura da Empresa
A cultura da empresa desempenha um papel significativo na percepção da marca. Os clientes apreciam a oportunidade de interagir com os colaboradores das cervejeiras. Esse contato direto cria momentos memoráveis e transforma os colaboradores (e os fãs) em embaixadores da marca.
Hype
A criação de hype em torno das cervejas é o resultado de várias elementos de marketing que se torna eficaz para aumentar a procura por uma certa marca ou cerveja. Marcas como Lupum e Ophiussa alcançam esse estatuto, usando a disponibilidade limitada e o apelo a um público específico para criar entusiasmo.
O caso da Gigabier da Tesla
Acabei por pagar 89€ por 3 cervejas da Tesla. E tal como eu, dezenas de milhares de pessoas o fizeram também – 3 pilsners de 5%… que na verdade não eram nada de mais. E antes de as comprar, qualquer pessoa podia ler reviews online de que a cerveja não é nada de extraordinário. E mesmo assim, compraram.
Este é o valor do Branding e do Hype. Gerar interesse num produto de tal forma em que os clientes estão dispostos a pagar um preço mais caro para conseguir um exemplar… ou três.
Para tirar a prova dos 9 [e garantir que eu não estava só com azedume do meu investimento], convidei o David Santos (cervejeiro português da Brussels Beer Project – e ex-cervejeiro da Mean Sardine) para fazer uma prova cega. Meti a Gigabier no meio de outras 5 lagers e pilsners e pontuámos cada uma. O resultado foi supreendente!
Gravei tudo em vídeo, e sai já esta quinta no YouTube do Quem bebe por gosto:
Conclusão
O branding é essencial para o sucesso das cervejeiras artesanais em Portugal. Estratégia, posicionamento, design de rótulos, redes sociais, experiências físicas, colaborações, comunidade, cultura da empresa e a criação de hype são elementos-chave que contribuem para o triunfo dessas marcas. À medida que o mercado de cerveja artesanal continua a crescer, entender e aplicar essas estratégias de branding pode ser a diferença entre o sucesso e o desaparecimento duma marca no mundo da cerveja artesanal.
Este episódio tem o apoio do Syndicato – uma loja online de cervejas especiais e artesanais em Portugal. Se usares o código SYNDICATO10 tens 10% de desconto na tua encomenda.
Vemo-nos na próxima cerveja! 🍻
Tiago Lopes
Quem bebe por gosto